Os fatores etiológicos atuais da DII não são claros, embora seja considerado decorrente de interações entre fatores genéticos, ambientais e a microbiota intestinal. A principal premissa de dietas anti-inflamatórias utilizadas para o tratamento de DII, está relacionada à redução de alimentos pro-inflamatórios ou ao aumento dos tipos de alimentos favoráveis ao intestino. A exclusão do glúten nas dietas de pacientes com DII vem sendo utilizada como estratégia, devido à inferência de efeitos antigênicos ou pro-inflamatórios, porém, sem evidências científicas robustas.
A dieta sem glúten elimina a proteína gliadina encontrada em trigo, cevada, centeio e outros grãos. Embora os indivíduos com sensibilidade ao glúten não celíaco não demonstrem marcadores genéticos, sorológicos ou imunológicos anormais ao consumir glúten, a sua restrição pode levar a uma melhora dos sintomas gastrointestinais. O suposto mecanismo responsável pelo benefício da retirada do glúten está relacionado ao efeito prejudicial da gliadina na integridade epitelial intestinal. Entretanto, o desenvolvimento de sintomas pode estar relacionado aos componentes anti-gliadina que normalmente existem em alimentos contendo glúten, como FODMAPs, inibidores de amilase-tripsina ou aglutininas de germe de trigo.
Em um estudo transversal, britânico, de 145 indivíduos com DII, 27,6% relataram sensibilidade ao glúten não-celíaca. Aqueles com DC e sensibilidade ao glúten não-celíaca, eram mais propensos a maior atividade da doença. Entretanto, existem poucos ensaios clínicos randomizados e não há estudos suficientes para vincular o consumo de glúten com a atividade inflamatória ou então a retirada do glúten como manutenção da remissão da DII.
Referências Bibliográficas
BERKELEY N. Limketkai; WOLF, A.; PARIAN, A. Nutritional Interventions in the Patient with Inflammatory Bowel Disease. Gastroenterol Clin N Am, n. 47, 2018, 155–177.
SIGALL-BONEH, R. et al. Research Gaps in Diet and Nutrition in Inflammatory Bowel Disease. A Topical Review by D-ECCO Working Group [Dietitians of ECCO], Journal of Crohn’s and Colitis. V.11, n.12, December p. 1407–1419. 2017.
Claiza Barretta
Nutricionista CRN10 – 1290
Pós-graduada em Nutrição Clínica Funcional
Mestre em Ciências Farmacêuticas
Professora do Curso de Nutrição da Universidade do Vale do Itajaí (UNIVALI)
Integrante do Ambulatório Interdisciplinar de Doenças Inflamatórias Intestinais/UNIVALI