Nosso corpo é formado por dois terços de água. A desidratação acontece quando perdemos mais fluídos do que absorvemos. A falta de água pode ocasionar cálculo renal, danos no fígado, músculos e articulações e convulsões.
Ter Doença de Crohn (DC) ou Retocolite Ulcerativa (RCU) – as duas principais formas de inflamação – pode aumentar o risco de ficar desidratado.
As principais causas da desidratação estão associadas a diminuição na ingestão de líquidos, como também as presenças de vômitos e diarreia. Pode ser classificada em leve, moderada e severa, de acordo com o quanto de peso corporal foi perdido devido à perda de fluidos.
- Desidratação leve: perda de 3-5% do peso corporal. Acarreta poucos riscos e pode ser tratada com sais e fluidos.
- Desidratação moderada: perda de 5-9% do peso corporal. É mais grave. Pode levar ao desenvolvimento de cálculos renais. Pode ser tratada com a reposição de sais e fluídos.
- Desidratação severa: perda maior que 10% do peso corporal. É muito grave e deve ser encaminhado para um hospital para ser tratado imediatamente, pois pode ser fatal.
A desidratação pode não ser um problema para todos com DII. Os indivíduos mais propensos a ficarem desidratados são:
Os que sofre de diarreia frequente ou aquosa. Aqueles que não estão bebendo água suficiente pois podem estar se sentindo nauseado ou com perda do apetite devido a doença. Aqueles que estão perdendo mais água e sal pela pele porque apresentam suor excessivos (realização de exercícios ou febre); aumento da diurese (diabetes descontrolado, excesso de cafeína, uso de drogas diuréticas, consumo de álcool; presença de gastroenterite (infecção do estômago ou intestino que pode ser causada por um vírus ou infecção bacteriana, ou por intoxicação alimentar); remoção do cólon. Todos esses fatores podem afetar a capacidade do corpo de absorver fluídos e eletrólitos (potássio e sódio da dieta).
Nos casos de ileostomia (ou estoma), com alto débito – uma perda maior de 1500ml por dia pode aumentar o risco de ficar desidratado, além de cirurgias extensas que levam a um intestino muito curto; má absorção de sais biliares, principalmente na doença de Crohn de íleo.
Como identificar a desidratação:
- Um dos primeiros sinais de desidratação é a sede. A desidratação leve pode causar boca seca, dores de cabeça, cansaço e falta de energia.
- Fraqueza ao ficar em pé.
- Urinar menos que 3 a 4 vezes por dia. Deve controlar a urina em 24 horas.
- Urina com coloração amarela mais escura da cor habitual. A desidratação pode causar constipação, que pode ser um problema para pessoas com proctite (inflamação no reto).
- Sinais de desidratação mais grave incluem tonturas, cãibras musculares, pele pálida e seca e olhos encovados. Procure seu médico imediatamente.
- Gravemente desidratado é quando, além de qualquer um dos sintomas mencionados acima, há confusão ou desorientação mental, lábios azulados, respiração ou pulso tornam-se rápidos. Pode apresentar irritabilidade ou letargia. Procure o médio imediatamente.
Como tratar a desidratação:
- Para tratar a desidratação leve ou moderada é necessário aumentar o consumo de líquidos e a quantidade de sódio no corpo. Uma maneira de fazer isso é consumir uma solução comercial de reidratação, como Rehidrate®, ou Pedialyte®, disponíveis em farmácias.
- Para desidratação mais grave, ou na presença de ileostomia de alto débito, será necessário mais sódio do que a maioria das soluções comerciais de reidratação. Assim, a equipe da DII pode orientar como proceder.
Como evitar a desidratação:
- A maneira mais fácil de evitar a desidratação é beber a quantidade suficiente de água.
- A quantidade ideal varia de pessoa para pessoa, dependendo da idade, nível de atividade física e taxas de suor. Cerca de oito a dez copos de água/dia podem ser suficiente. A urina de coloração amarela clara é um bom sinal de boa hidratação.
- Ficar atento em situações mais suscetíveis à desidratação – verão; estar ativo onde há perda maior de sal e água através da pele. Não espere sentir sede para começar a ingerir água.
- Uma dieta equilibrada que inclua alimentos ricos em sais essencias para o corpo (potássio e sódio), como abacate, banana e laranja, também pode ajudar a manter o equilibrio eletrolitico. O alcool pode contribuir para a desidratação.
Referência Bibliográfica:
DEHYDRATION. Crohn’s & Colitis UK. www.crohnsandcolitis.org.uk. Edition 5 Last review: June 2017.
Daniéla Oliveira Magro – Nutricionista – CRN 6216
Pós-doutorado em Ciências da Cirurgia – FCM – Unicamp
Coordenadora da área de nutrição do GEDIIB