A diarreia é um dos sintomas mais comuns entre os indivíduos com doença inflamatória intestinal (DII) na fase aguda principalmente. A primeira reação dos pacientes é retirar vários alimentos que acreditam agravar os sintomas gastrointestinais. Contudo, sabe-se que inúmeros são os fatores que podem estar relacionados ao quadro de diarreia, a própria DII, quando em estado agudizado, além dos efeitos colaterais de alguns medicamentos (mesalazina, sulfassalazina, azatioprina e metotrexato), pós-operatório imediato de algumas cirurgias (ressecção extensa do cólon e/ou intestino delgado), má absorção de gorduras, suplementos de ferro, síndrome do intestino irritável (SII), infecções intestinais, intolerâncias alimentares e estresse. Embora cada caso deva ser avaliado individualmente existem algumas orientações mais gerais que podem auxiliar na diminuição da diarreia. Reduzir/excluir alimentos que estejam associados à intolerância alimentar diagnosticada pelo médico, evitar alimentos mais gordurosos, pimenta, bebidas com cafeína, bebidas alcoólicas, fibras em excesso, principalmente encontrada nos alimentos integrais, sementes, bagaço das frutas (laranja e tangerina), oleaginosas (nozes, castanhas, amêndoas) e folhosos (couve, alface, rúcula, entre outros). Todo paciente com diarreia deve aumentar o consumo de líquidos, principalmente o consumo de água filtrada.
A constipação, também conhecida popularmente como “prisão de ventre”, é um sintoma menos frequente nos indivíduos com DII. Alguns fatores podem favorecer esse quadro, como proctite (inflamação localizada no reto), SII, baixo consumo de fibras e líquidos, efeitos colaterais de alguns medicamentos e dano da musculatura anal em mulheres que realizaram parto normal. Algumas mudanças no estilo de vida devem ser estimuladas para favorecer regularização do ritmo intestinal, dentre os quais, destaca-se aumento gradual no consumo de alimentos fontes em fibras solúveis e insolúveis, como frutas, verduras, legumes, sementes, alimentos integrais, ameixa seca, associado com o aumento concomitante na ingestão de líquidos; realizar atividade física regularmente e estimular a defecção pela manhã, horário em que o cólon intestinal está mais ativo.
Diante dessas informações é extremamente importante que o portador seja acompanhado por uma equipe multidisciplinar especializada em DII composta por gastroenterologista, nutricionista e psicólogo para esclarecer a(s) causa(s) associada(s) ao quadro de diarreia ou constipação. Vale ressaltar que é essencial seguir orientações de um profissional nutricionista qualificado antes de fazer grandes mudanças na alimentação para não favorecer deficiências nutricionais e prejudicar ainda mais a qualidade de vida desses indivíduos.
Referência Bibliográfica:
Crohn’s & Colitis UK. Diarrhoea and Constipation. Edition 5, 2018.
Mirella Brasil Lopes – CRN5 3573
Especialista em Nutrição Clínica sob a forma de residência, Escola de Nutrição, Universidade Federal da Bahia
Mestre em Medicina e Saúde, Escola de Medicina, Universidade Federal da Bahia
Membro da área de nutrição GEDIIB