É com grande satisfação que compreendemos o panorama da dispensação de medicações na DII no Brasil através da sua colaboração. A todo, obtivemos resposta de 160 sócios do GEDIIB, empenhados na transformação da atual situação.
Felizmente, contamos com a participação de todos os estados brasileiros o que garante que temos representatividade na luta por melhoras em torno da dispensação de medicações na DII no Brasil. Os estados de maior participação foram São Paulo com 35,6%, Minas Gerais com 12,5% e Rio de Janeiro com 10% (Gráfico 1) são também aqueles que enfrentam mais dificuldade na dispensação de medicações na DII (Gráfico 2).
A maioria dos nossos sócios atuam em clínica privada 71,1%, seguidos de hospital universitário em 44% e hospital público com 40,9% (Gráfico 3).
Gráfico 3. Locais de atuação dos sócios do GEDIIB
Detectamos que existe falta ou dificuldade na dispensação de medicações em 78,9% dos estados brasileiros, sendo que essa dificuldade acontece em 96% do setor público e 24% do setor privado. Infelizmente, grande parte dos nossos pacientes não pertencem à saúde suplementar, ainda mais após a crise política e econômica que assolam o país, com a perda de 1,5 milhões de usuários entre setembro de 2015 e setembro de 20161. Boa parte dessas dificuldades advém da burocratização nas farmácias de alto custo, que engessam a dispensação e comprometem a logística, inclusive com erros frequentes na liberação da dose adequada. Além disso, o atraso na liberação de algumas drogas comprometem sobremaneira as taxas de resposta terapêuticas, necessitando muitas vezes o paciente de reinternações, troca de classe de medicações ou otimização da dose de medicações já utilizadas.
Gráfico 4. Medicações em que há maior dificuldade na dispensação
Dentre as medicações com maior dificuldade na dispensação (Gráfico 4), destaca-se a mesalazina, em que 71,4% dos associados notam ausência da droga nas farmácias de alto custo, principalmente da medicação de referência, o Pentasa. Quando há mesalazina disponível, na maioria dos centros há o “Crohn AZA 5”, da marca EMS, com altas taxas de falha terapêutica, notadas tanto por médicos quanto por pacientes. Ainda em relação à mesalazina, há dificuldades na liberação de mesalazina supositório e enema, principalmente quando o paciente está em uso concomitante de sulfassalazina via oral.
A droga subsequente, com maior dificuldade na dispensação, foi a azatioprina, onde, em grande parte das farmácias de alto custo, ela não está disponível, assim como a 6-mercaptopurina. Em relação aos biológicos, em torno de 40% relataram dificuldades, principalmente quanto à prescrição de doses otimizadas do infliximabe ou adalimumab. Muitos sócios apontaram dificuldades e burocracias também na liberação de biológicos e demais medicações pela saúde suplementar. Alguns relataram que a não liberacão do Vedolizumabe e do Certolizumabe no SUS, por vias normais, compromete a terapêutica de pacientes refratários ou que seriam candidatos como terapia inicial. A não liberação de biológicos para pacientes com Retocolite Ulcerativa, também foi um grande problema relatado em que a necessidade de judicialização leva a custos globais crescentes para o sistema de saúde. Além disso, muitos relataram que o Infliximabe está sendo trocado pelo Biossimilar, mesmo em pacientes que já estão em uso do original e, em determinadas situações, logo após a indução com o original. Em alguns estados, há determinados planos de saúde que só liberam a infusão do biossimilar.
A alta variabilidade na dispensação de medicações, advindas de empresas diferentes e com diferenças nítidas na taxa de resposta, elevam os custos globais em saúde, na medida que o paciente com DII refratária é caro pro sistema, uma vez que interna mais e opera mais.
Nós, membros da Comissão de Fármacos do GEDIIB, estamos empenhados a resolver esses nós, de modo a trazer mais qualidade de vida para os nossos pacientes. Uma vez levantados esses problemas, elegeremos prioridades, metas e prazos. A Comissão de Fármacos do GEDIIB agradece a sua participação.
Referências:
Boletim da Saúde Suplementar – Indicadores Econômico- financeiros e de beneficiários; Federação Nacional de Saúde Suplementar (FenaSaúde); 2016