Os membros do GEDIIB publicaram um importante estudo de investigação da disbiose e mucinas (glicoproteínas responsáveis pela barreira mucosa) em pacientes com doença de Crohn (DC) em remissão. Foram avaliados 18 pacientes com a doença e 18 controles saudáveis. Aspecto interessante e inédito deste estudo é que os portadores de DC e o respectivo controle saudável são moradores do mesmo domicílio, minimizando interferências ambientais com aspectos higiênico dietéticos, exposição a poluentes ambientais e estilo de vida. Todo esse cuidado foi necessário porque essas características podem influenciar na composição da microbiota intestinal.
O estudo constatou que os pacientes com DC apresentaram menor diversidade, ou seja, menor número de espécies de bactérias, maior abundância de filo de proteobactéria (mais patogênica) e uma redução na classe de deltaproteobactéria (que degradam mucinas).
Houve também redução nos gêneros Akkermansia e Oscillospira (gêneros associados à permeabilidade intestinal) e na proporção do fungo Saccharomyces cerevisiae. Além disso, pacientes com DC, em remissão, apresentaram concentrações aumentadas de mucinas ácidas e neutras. As reduções nas proporções dos gêneros Oscillospira e Akkermansia, bactérias redutoras de sulfato e Saccharomyces observadas no grupo DC, podem ser responsáveis pelo aumento da produção de mucinas analisadas nesses pacientes.
A conclusão é que pacientes com DC, durante a remissão, apresentam quantidades aumentadas de mucinas neutras e ácidas que são acompanhadas por uma disbiose global.
Estudos relacionando a composição da microbiota intestinal na doença inflamatória constituem uma importante linha de pesquisa para a compreensão dos fatores etiopatogenicos destas doenças, com expressivo número de publicações na literatura nos últimos anos. A produção científica relevante de diversos grupos de pesquisa no Brasil, demonstram que a qualidade de estudos produzidos em DII em nosso país, são semelhantes aos de centros internacionais de relevância, denotando o papel crescente do Brasil no cenário internacional.
Os autores do estudo são: Daniéla Oliveira Magro, Andrey Santos, Dioze Guadagnini, Flavia Moreira de Godoy, Sylvia Helena Monteiro Silva, Wilson José Fernandes Lemos, Nicola Vitulo, Sandra Torriani, Lilian Vital Pinheiro, Carlos Augusto Real Martinez, Mario José Abdalla Saad e Claudio Saddy Rodrigues Coy.